Papo Psi

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"Sou meu próprio líder ando em círculos, me equilibro entre dias e noites, minha vida toda espera algo de mim, meio sorriso, meia-lua toda tarde..." (Renato Russo). E assim que me descrevo busco ser autora da minha vida e brilhar sempre no palco da vida, apesar das intempéries.Almejo sempre meu equilíbrio e paz interior numa compreensão mútua. O que faço:Graduanda de Psicologia da Faculdade Santíssimo Sacramento, hoje no 9º semestre e Sargento da Polícia Militar.

sábado, 16 de outubro de 2010

Análise Crítica do Filme Um Estranho no Ninho

O filme relata a história de Randle Mucmurphy, um prisioneiro que finge ser louco, para não cumprir pena na cadeia, sendo transferido de um presídio-fazenda para um manicômio.  No primeiro momento, o filme enfatiza a chegada de Randle Mucmurphy ao sanatório, onde ele observa toda a rotina monótona daquele local, suas regras e como os seus pacientes eram submissos a elas não sendo capazes de dar uma risada ou cantar. Com a sua presença, todos os pacientes do manicômio percebem que ele é diferente, superior, livre, espontâneo e irreverente do que eles e aos poucos se permitem influenciar de forma benigna pelas suas idéias, já que eles eram obedientes e temiam a enfermeira Mildred Ratched. Com o tempo os pacientes foram encontrando em Mucmurphy aquilo que eles gostariam de ser, mas não podiam devido à organização da clínica, ou seja, eles o elegem o seu líder e ao mesmo tempo protetor contra as ameaças de punições, devido à segurança que ele transmitia e pela demonstração de não temer ao receber uma punição, mantendo sempre o seu principal objetivo que era alcançar a liberdade.
No segundo momento, traz uma reflexão entre a relação, e as conseqüências dessa relação, entre uma pessoa que ao se inserir numa sociedade restrita, repleta de regras quebra a rotina da mesma desrespeitando a ordem vigente, indo de encontro aos princípios daquele sanatório. Ao fazer isso, Mucmurphy é reprimido pelos dirigentes, médicos e enfermeiros, pois ele utilizava de todas as suas artimanhas para ajudar os “colegas” sempre com inteligência e malandragem instituindo o motim naquela Instituição tão conservadora. Várias vezes teve a sua insanidade contestada, mas como ele tinha interesse em permanecer no manicômio, pois acreditava que permanecendo lá seria uma maneira de tornar-se livre, já que havia sido preso por diversas vezes. Imaginou que se fazendo de louco, teria sua liberdade alcançada, pois os loucos podem fazer tudo o que desejam, devido a sua condição de doente mental.
Dessa forma, entende-se que a finalidade desse filme, é trazer à baila, e o faz com bastante pertinência, que os mecanismos da sociedade funcionam de maneira a eliminar os membros indesejáveis para estimular os outros, a exemplo das punições sofridas pelos pacientes do hospício, como agressões físicas, tipo choques elétricos, lobotomia e emocionais, como forma de coibir os demais que desejassem desobedecer às regras daquele lugar. Dessa maneira, tornando exeqüível a diferença entre a liberdade subjetiva da liberdade real social, onde o indivíduo é livre dentro das diversas regras já determinada socialmente, pois elas é que irão demarcar os parâmetros da liberdade. Por assim dizer, o filme discute com propriedade os ditames da sociedade e a exclusão daqueles que os desobedecem.
Referências
FORMAN, Milos. Um Estranho no Ninho. Drama de longa metragem, baseado no livro de Ken Kesey. Estados Unidos, 1975.

FREUD E A RELIGIÃO

Para o pai da psicanálise, Sigmund Freud (1856 - 1939), a religião era considerada como um remédio resultante da ilusão contra o desamparo, pois, para ele, os demônios eram desejos maus e repreensíveis derivados de impulsos que foram reprimidos. Partindo, desde princípio, ele criou o mito que explicou a gênese da religião através do ato inaugural da morte do pai primitivo pelos filhos, deflagrando a religião e ao mesmo tempo a primeira lei social, a exogamia (casamento entre indivíduos pertencentes a grupos distintos sejam estes definidos com base em parentesco, residência, entre outros).
A partir, desse momento inaugural inicia-se uma cadeia de novos atos que trarão conseqüências para o social, onde após a análise das reflexões freudianas sobre o assassinato paterno e a competitividade dos irmãos, como elementos constituintes da cultura, vê-se o complexo de Édipo coletivo que proíbe o que é mais desejado: a morte do pai e o incesto que dão sustentabilidade ao Édipo individual como realidade histórica, pois, a lei do pai só se tornou lei Edípica quando da morte do mesmo, o tornando místico, e por ser místico, provoca referência e temor, instalando a função paterna que castra e impõe a lei.
Freud vinculou as representações de Deus à figura paterna e os sentimentos religiosos a experiência e ao vínculo com esse pai, afirmando que o processo de desenvolvimento condiciona a crença religiosa. Sua teoria baseia-se no fato de que a criança forma desde cedo à representação de Deus aos seus primeiros protetores, mais nomeadamente ao pai, elevando-o a posição de Ser divino. E, devido a esse desamparo da criança associado ao reconhecimento deste pelo adulto conduz a elas a uma reação defensiva, à busca de proteção, formando a religião, pois a criança desamparada vincula o pai aos Deuses, pois Freud acredita que toda e qualquer concepção religiosa era oriunda do “complexo paterno”, onde a impressão terrível de abandono na infância despertou a necessidade de proteção, a qual foi adequada pelo pai e esse reconhecimento perdura por toda a vida.
Dessa forma, a religião e a civilização nascem do mesmo momento inaugural: a morte paterna, a repressão a este desejo, desejo insatisfeito e da vontade de transgredir as normas. Sendo, estes os fatores determinantes psíquicos da religião.

Referências:


www.famedrado.kit.net/canal%2005/01.htm. Acesso em: 15/05/2009 às 21h;
MEDEIROS, Roberta. Entre o bem e o mal. Revista Psique Ciência e Vida, ano IV, nº 40, p. 26 – 34.