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Alagoinhas, Bahia, Brazil
"Sou meu próprio líder ando em círculos, me equilibro entre dias e noites, minha vida toda espera algo de mim, meio sorriso, meia-lua toda tarde..." (Renato Russo). E assim que me descrevo busco ser autora da minha vida e brilhar sempre no palco da vida, apesar das intempéries.Almejo sempre meu equilíbrio e paz interior numa compreensão mútua. O que faço:Graduanda de Psicologia da Faculdade Santíssimo Sacramento, hoje no 9º semestre e Sargento da Polícia Militar.

sábado, 16 de outubro de 2010

Análise Crítica do Filme Um Estranho no Ninho

O filme relata a história de Randle Mucmurphy, um prisioneiro que finge ser louco, para não cumprir pena na cadeia, sendo transferido de um presídio-fazenda para um manicômio.  No primeiro momento, o filme enfatiza a chegada de Randle Mucmurphy ao sanatório, onde ele observa toda a rotina monótona daquele local, suas regras e como os seus pacientes eram submissos a elas não sendo capazes de dar uma risada ou cantar. Com a sua presença, todos os pacientes do manicômio percebem que ele é diferente, superior, livre, espontâneo e irreverente do que eles e aos poucos se permitem influenciar de forma benigna pelas suas idéias, já que eles eram obedientes e temiam a enfermeira Mildred Ratched. Com o tempo os pacientes foram encontrando em Mucmurphy aquilo que eles gostariam de ser, mas não podiam devido à organização da clínica, ou seja, eles o elegem o seu líder e ao mesmo tempo protetor contra as ameaças de punições, devido à segurança que ele transmitia e pela demonstração de não temer ao receber uma punição, mantendo sempre o seu principal objetivo que era alcançar a liberdade.
No segundo momento, traz uma reflexão entre a relação, e as conseqüências dessa relação, entre uma pessoa que ao se inserir numa sociedade restrita, repleta de regras quebra a rotina da mesma desrespeitando a ordem vigente, indo de encontro aos princípios daquele sanatório. Ao fazer isso, Mucmurphy é reprimido pelos dirigentes, médicos e enfermeiros, pois ele utilizava de todas as suas artimanhas para ajudar os “colegas” sempre com inteligência e malandragem instituindo o motim naquela Instituição tão conservadora. Várias vezes teve a sua insanidade contestada, mas como ele tinha interesse em permanecer no manicômio, pois acreditava que permanecendo lá seria uma maneira de tornar-se livre, já que havia sido preso por diversas vezes. Imaginou que se fazendo de louco, teria sua liberdade alcançada, pois os loucos podem fazer tudo o que desejam, devido a sua condição de doente mental.
Dessa forma, entende-se que a finalidade desse filme, é trazer à baila, e o faz com bastante pertinência, que os mecanismos da sociedade funcionam de maneira a eliminar os membros indesejáveis para estimular os outros, a exemplo das punições sofridas pelos pacientes do hospício, como agressões físicas, tipo choques elétricos, lobotomia e emocionais, como forma de coibir os demais que desejassem desobedecer às regras daquele lugar. Dessa maneira, tornando exeqüível a diferença entre a liberdade subjetiva da liberdade real social, onde o indivíduo é livre dentro das diversas regras já determinada socialmente, pois elas é que irão demarcar os parâmetros da liberdade. Por assim dizer, o filme discute com propriedade os ditames da sociedade e a exclusão daqueles que os desobedecem.
Referências
FORMAN, Milos. Um Estranho no Ninho. Drama de longa metragem, baseado no livro de Ken Kesey. Estados Unidos, 1975.

FREUD E A RELIGIÃO

Para o pai da psicanálise, Sigmund Freud (1856 - 1939), a religião era considerada como um remédio resultante da ilusão contra o desamparo, pois, para ele, os demônios eram desejos maus e repreensíveis derivados de impulsos que foram reprimidos. Partindo, desde princípio, ele criou o mito que explicou a gênese da religião através do ato inaugural da morte do pai primitivo pelos filhos, deflagrando a religião e ao mesmo tempo a primeira lei social, a exogamia (casamento entre indivíduos pertencentes a grupos distintos sejam estes definidos com base em parentesco, residência, entre outros).
A partir, desse momento inaugural inicia-se uma cadeia de novos atos que trarão conseqüências para o social, onde após a análise das reflexões freudianas sobre o assassinato paterno e a competitividade dos irmãos, como elementos constituintes da cultura, vê-se o complexo de Édipo coletivo que proíbe o que é mais desejado: a morte do pai e o incesto que dão sustentabilidade ao Édipo individual como realidade histórica, pois, a lei do pai só se tornou lei Edípica quando da morte do mesmo, o tornando místico, e por ser místico, provoca referência e temor, instalando a função paterna que castra e impõe a lei.
Freud vinculou as representações de Deus à figura paterna e os sentimentos religiosos a experiência e ao vínculo com esse pai, afirmando que o processo de desenvolvimento condiciona a crença religiosa. Sua teoria baseia-se no fato de que a criança forma desde cedo à representação de Deus aos seus primeiros protetores, mais nomeadamente ao pai, elevando-o a posição de Ser divino. E, devido a esse desamparo da criança associado ao reconhecimento deste pelo adulto conduz a elas a uma reação defensiva, à busca de proteção, formando a religião, pois a criança desamparada vincula o pai aos Deuses, pois Freud acredita que toda e qualquer concepção religiosa era oriunda do “complexo paterno”, onde a impressão terrível de abandono na infância despertou a necessidade de proteção, a qual foi adequada pelo pai e esse reconhecimento perdura por toda a vida.
Dessa forma, a religião e a civilização nascem do mesmo momento inaugural: a morte paterna, a repressão a este desejo, desejo insatisfeito e da vontade de transgredir as normas. Sendo, estes os fatores determinantes psíquicos da religião.

Referências:


www.famedrado.kit.net/canal%2005/01.htm. Acesso em: 15/05/2009 às 21h;
MEDEIROS, Roberta. Entre o bem e o mal. Revista Psique Ciência e Vida, ano IV, nº 40, p. 26 – 34.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Fotos da Peça de Psicanálise Realizada no Terceiro Semestre do Curso de Psicologia
















Fotos da Peça Sobre o Tema Criatividade, realizada no Segundo Semestre do Curso de Psicologia
















Análise do Filme Gran Torino

O filme aborda a história de um veterano da guerra da Coréia (Walk Kowalski), o qual era uma pessoa restrita, com poucos amigos, tinha dificuldade no relacionamento com os filhos; residente, em um bairro clássico americano, que com o passar do tempo passou a ser povoado por coreanos, Walk era aversivo a orientais e depois do falecimento de sua esposa, ele passou a ter uma vida conturbada, precisando adaptar-se a essa nova realidade, tendo com companheira a sua cadela Daisy, com quem costumava conversar.
Contudo, com a chegada de novos vizinhos de origem coreana, Walk passa as tardes observando-os com sentimento de raiva e repulsa; sentimento esse que também era recíproco pela matriarca da família coreana Hmong. Ficando explícito nessa passagem do filme o processo de atribuição, onde Walk busca saber as razões e explicações para o comportamento dos vizinhos coreanos, desenvolvendo pensamentos e crenças (atitudes) sobre eles, como forma de fortalecer os motivos pelos quais ele expressa seu comportamento discriminatório contra eles.
O garoto Thao, pertencente àquela família se ver obrigado pela gangue local de roubar o carro de Walk, um Gran Torino 1972, foi surpreendido por ele, fato este que contribuiu para Walk passar a conviver com os vizinhos, pois se tornou contra vontade um herói para aquele povo, principalmente para a irmã e mãe de Thao, que insistiram para que ele trabalhasse para Walk como forma de reparação, dando início a uma amizade improvável que mudará a vida de ambos.
Convivendo com a simpatia incansável de Thao e de sua família Walk acaba compreendendo algumas verdades sobre seus vizinhos e sobre si mesmo, percebendo que eles poderiam conviver de forma harmônica, mudando sua atitude em relação a eles, como forma de eliminar a discrepância e tensão decorrentes da guerra da Coréia, a dificuldade de se relacionar com seus filhos e a perda de sua esposa.
Dessa forma, conclui-se que a idéia central do filme é expor a história de um homem bondoso que por ter participado da guerra da Coréia ficou abalado de tal maneira, por ter contribuído com algo cruel, sendo colocado a repensar seus conceitos, atitudes com a chegada dos vizinhos coreanos, aprendendo de forma excepcional a superar o seu preconceito e pesar o valor da vida, superando suas frustrações, passando a acreditar que todos são seres humanos, dando uma prova sublime dessa concepção, ao morrer para proteger aquela família com quem passou a ter traços de afinidade maiores do que os seus próprios familiares.

Referência: EASTWOOD, Clint. Gran Torino. Drama de longa metragem, 2009.

“Relatório Kinsey – Vamos Falar Sobre Sexo”

A pesquisa de Kinsey influenciou a cultura e as políticas públicas das últimas décadas, onde a “revolução sexual” iniciada por ele, ainda hoje incomoda a vida de muitas pessoas e famílias, pois ela exige como resposta uma vigorosa afirmação do verdadeiro significado da sexualidade humana.
Ele defendeu que todos os comportamentos sexuais considerados atípicos são na verdade normais, e ao mesmo tempo afirmou que: ser exclusivamente heterossexual é anormal, pois seria fruto de inibições culturais e de condicionamentos sociais, contrários à natureza do homem. Ele juntamente com os seus colaboradores pretendeu mudar os valores morais tradicionais. Dividindo o ocidente em duas fases antes e depois da revolução sexual.
O sexo no ocidente passou de um período puritano, o qual era visto como algo terrível, ameaçador, reprimido pelo moralismo, cujo sexo "em excesso" e a masturbação podiam conduzir à loucura. Já, nos dias atuais ele ainda vem carregado de significados como: expectativa, satisfação, prazer, perigo, curiosidade, proibição, medo, insegurança, carinho, paixão e pecado, onde princípios, como o do "direito ao prazer", repercutem até hoje.
Dessa forma, conclui-se que a idéia de sexo traz contradições em certos aspectos, demonstrando ainda o dualismo entre a tendência à superação de preconceitos e idéias tradicionais; a valores arcaicos e tabus aliados às questões que envolvem a sexualidade, cuja ignorância em relação ao respeito da compreensão deturpada das funções e das estruturas sexuais, proporcionam um rico solo para o florescimento dos mitos, muitos dos quais sobrevivem até os dias de hoje, onde a sexualidade humana é uma realidade complexa, íntima e pessoal, ao mesmo tempo que envolve, abrange, penetra e dinamiza a pessoa humana como um todo em sua unidade de ser.

Referência:Kinsey – vamos falar sobre sexo (2004). Direção: Bill Condon. Roteiro: Bill Condon. Cinebiografia de Alfred Kinsey. Drama. 118mim.

Construção da Psicologia Social

“As raízes da Psicologia Social são vistas como européias e as flores como especificamente americanas” é assim que Robert Farr define de maneira etnográfica a psicologia social moderna, a qual surgiu nos Estados Unidos da América sob influências das inquietações sociais levantadas no período da 2ª guerra mundial, onde os cientistas sociais passaram a contribuir de forma conjunta proporcionando programas de doutorados interdisciplinares.
Mais tarde, em um contexto de mudança de atitude do pós-guerra, na Universidade de Yale, estudantes acabaram se reunindo e promovendo o estabelecimento da Psicologia Social como uma ciência experimental. O choque entre os psicólogos gestaltistas austríacos e alemães que migraram para América com os behavioristas faz surgir o cognitivismo, mostrando o quão significativo a movimentação entre as culturas.
A Psicologia Social Cognitiva se diferenciava não só âmbito da Psicologia Social, mas também no contexto americano de ciência cognitiva, onde a Psicologia Social que se desenvolveu como um fenômeno especificamente americano na era moderna é considerada com uma forma psicológica de Psicologia Social, embora seja também uma forma de Psicologia Cognitiva diferente da ciência cognitiva.
Seu percussor Whilhelm Wundt “pai” da Psicologia como ciência experimental passou a fazer referência a Psicologia Social, onde os produtos mentais que são criados por uma comunidade humana são inexplicáveis em termo de consciência individual, pois eles provêm de uma ação recíproca de minutos. Porém, Wundt teve o seu método compreendido de forma errônea, devido a ser um método experimental (introspectivo) de estudar a mente (consciência), o qual leva a não percepção do papel central da apreensão da filosofia da mente. Os objetivos de Wundt era a Psicologia Experimental e social, onde a introspecção era uma forma de percepção interna do sujeito. Partindo, disso ele separa a sua Psicologia Social da Experimental, apesar de serem dois projetos independentes estavam relacionados; um se referia a comunidade das pessoas, enquanto o outro ao indivíduo. Ambas são formas sociais da Psicologia Social, pois no início da era moderna elas estavam atreladas a história positivista da Psicologia Experimental seguida de fundamentos históricos da Psicologia Social.
O objeto de interesse da Psicologia Social num primeiro momento era baseado em um método descritivo, ou seja, um método que se propõe a descrever aquilo que é observável e fatual é uma Psicologia que organiza e dá nome aos processos observáveis dos encontros sociais, comprometida com os objetivos da sociedade norte-americana do pós-guerra; partindo de uma noção estrita do social, em seu segundo momento ela buscou superar as limitações do seu primeiro passando a estudar o psiquismo humano, buscando compreender como se dá as relações sociais vividas pelo homem, em que o mundo objetivo passa a ser visto não como fator de influência para o desenvolvimento da subjetividade, mas como fator constitutivo, ou seja, busca compreender o mundo invisível do homem vendo como um ser social, de relações sociais em permanente movimento. Surgindo conceitos básicos de análise como atividade; consciência e identidade que são propriedades ou características essenciais do homem e expressam o movimento humano. Entre os percussores dessas características temos Vygotsky, Alexis Leontiev e Luria, soviéticos e Silvia Lane e Antônio Ciampa brasileiros.
Dessa forma, a Psicologia Social parte de um contexto real para compreender os elementos do mundo interno, promovendo um estudo sobre o fazer, o pensar e o agir dos indivíduos na sociedade.

Referência: FARR, Roberto M. As Raízes da Psicologia Social Moderna. 2. Rio de Janeiro: Vozes, 1999. 246 p.

Psicologia Cognitiva e o Filme Substitutos

A Psicologia Cognitiva surge num contexto onde toda e qualquer ideia referente a processos mentais era negada, reprimida, ignorada. Tendo como objeto de estudo os processos como os sujeitos percebem, aprendem, lembram-se e pensam sobre a informação que recebem, associando a mente humana a memória do computador, em termos de organização, uma vez que ambas são capazes de seguir direções em bases lineares, representando informações internamente seguindo a abordagem do processo de informação, nos quais os processos cognitivos se tornam equivalentes aos processos mentais.
No filme Substitutos fazemos um paralelo com a Inteligência artificial dos humanóides, onde a racionalização da sua organização social, do comportamento individualizado, a substituição de valores morais por princípios lógicos foram percebidas como forma de viabilização da padronização sistemática. Explicitando como neste tipo de inteligência, a sociabilidade é orgânica, pois o “substituto” não é um ser social com o ser humano ele é personalizado para tal, sendo social por fazer parte de um organismo social, onde a sua racionalidade é cognitiva e ativa intelectualmente pelo comportamento, já que não possui inteligência, reflexão, raciocínio, seu pensamento ou ação racional não se origina na mente, no interior, e sim no sistema organizacional cibernético que é controlado, manipulado pelo seres humanos reclusos em seus lares.
Com o surgimento da sociedade robótica, os seres humanos não têm mais contato uns com os outros. Ficam em casa e controlam os robôs, que são belos, inteligentes, não cometem crimes. Enfim, um mundo perfeito, até que eles descobrem que a máquina também tem seus defeitos e o arrependimento bate à porta de quem as criou. Mesmo com os nossos corpos, sendo cada vez mais alterados pela tecnologia seja por questões estéticas (cirurgias plásticas), seja por questões de saúde (próteses dos membros), surge sempre à questão do limite entre o natural e o artificial, onde os seres vivem vidas artificiais ao invés de sentirem suas ações por si mesmas. Levando-nos a refletir sobre as consequências do avanço tecnológicos e o quanto eles nos levam a mecanização e frieza nos relacionamentos, bem como até onde o ser humano consegue ir sem perder o controle, a noção de si mesmo, onde tudo fica na aparência e os corpos biológicos tristes e amargurados permanecem em casa encarcerado, enquanto os “substitutos” exibem perfeição e simpatia.
Logo, conclui-se que a evolução faz muito bem na produção do desenvolvimento de um aparato cognitivo capaz de decodificar com precisão os estímulos ambientais, além de entender os estímulos internos da maioria das informações disponíveis. Qualquer estimulo pode desviar o indivíduo do processamento adequado da informação. Todavia, os mesmos processos que nos levam a perceber, recordar e raciocinar com precisão na maioria das situações, podem nos levar ao erro, como foi percebido no filme, onde a película especialmente contundente em certos detalhes aborda de forma bastante sarcástica as atitudes do ser humano em um mundo que sua banalidade se tornou desconectado das emoções humanas.

Referência: Substitutos. Diretor: Jonathan Mostow. Produção: Max Handelman, David Hoberman, Todd Lieberman. Roteiro: Michael Ferris, John D. Brancato, Baseado Na Graphic Novel De Robert Venditti e Brett Weldele Duração: 104 Min. Gênero: Ficção Científica. Ano: 2009.


terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Perfil sociológico da cidade de Alagoinhas- Bahia



Convido você a embarcar numa viagem pela história do município Alagoinhense, local onde nasci, cresci, trabalho e estou concluindo a minha graduação no Curso de Psicologia pela Faculdade Santíssimo Sacramento.
O município de Alagoinhas localiza-se no leste da Bahia, sendo uma mesorregião do Nordeste Baiano que dista da capital, Salvador, em 110 (cento e dez) quilômetros quadrados, cuja população, em 2005, era de 138.366 habitantes.
De clima quente e semiúmido, possui uma vegetação de floresta estacional semidecidual e de parque sem floresta de galeria. Possui solo rico em arenitos médios e grosseiros, conglomerados/brechas e paraconglomerados.
A cidade é servida pela malha rodoviária e ferroviária. A BR 101 (que corta o Brasil de Norte a Sul) fornece ao município importante acesso e meio de saída de produtos para cidades do Nordeste, como Recife e Aracaju, bem como Vitória e Rio de Janeiro, no Sudeste do País. Sendo cortada também pela BR 110, que a une ao Nordeste pelo interior da região. Possui ainda rodovias estaduais que ligam a BR 116 e a linha verde. O Setor ferroviário desempenha na cidade, além do seu papel histórico, um entroncamento que já foi de grande importância para o País e teve o seu declínio com a subvalorização do transporte ferroviário.
A economia do município encontra-se no cenário atual com forte potencial, sendo o maior produtor agrícola baiano de limão, terceiro na produção de laranja, décimo de batata doce, décimo - primeiro em amendoim, bem como se destaca na produção de abacate, areia, argila e pedra. Possui 666 (seiscentos e sessenta e seis) indústrias, sendo o décimo – terceiro na posição geral do Estado da Bahia, e 3.711(três mil, setecentos e onze) estabelecimentos comerciais, fato este que lhe permite ocupar o décimo - quarto lugar dentre os municípios baianos. Destaca-se, também, pelos seus diversos estabelecimentos de ensino de nível fundamental e superior, pelos de saúde – o Hospital Regional Dantas Bião e Maternidade.
Assim, a qualidade de vida faltante ou ameaçada na maioria das cidades, como uma alteração do urbano, do próprio sentido de “cidade”, é uma condição observável em Alagoinhas, mas nunca é demais tentar elevar a qualidade de vida de uma população.


Referências:


BARROS, Salomão A. Vultos e Feitos do Município de Alagoinhas. Salvador: Artes Gráficas e Ind. Ltda, 1979.
www.mundi.com/wiki-alagoinhas-bahia/curiosidades.

Psicologia Ambiental


Diante de tantas intempéries no mundo atual, o planeta clama por socorro, pois mal se iniciou o novo ano e fomos surpreendidos por catástrofes que abalaram o mundo, a exemplo do deslizamento em Angra dos Reis e o terremoto no Haiti, que nos fazem refletir sobre o que estamos fazendo com o nosso planeta. Partindo dessa indagação é que, hoje, quero falar com vocês sobre a Psicologia Ambiental, seu conceito, abordagem, surgimento e importância.

A Psicologia Ambiental é uma disciplina jovem, e seus primeiros livros foram publicados nos Estados Unidos, na década de 70. Seu objeto de estudo é o indivíduo em seu contexto, tendo como tema central as inter-relações e não somente as relações entre pessoa e meio ambiente físico e social, pois cada ser humano percebe, avalia e tem atitudes individuais em relação ao seu ambiente físico e social, ou seja, ela estuda uma reciprocidade entre pessoa e ambiente formando uma inter-relação dinâmica, seja nos ambientes naturais, seja nos ambientes construídos, pois o indivíduo atua sobre o ambiente, construindo-o e este, por sua vez, modifica e influencia as condutas humanas.

Assim, a especificidade da Psicologia Ambiental é analisar como o indivíduo avalia e percebe o ambiente e, ao mesmo tempo, como ele está sendo influenciado por este ambiente, pois, quando o homem constrói casas, fábricas, entre outros, ele não só cria um ambiente físico, mas também um ambiente psicológico de significados, num mundo simbólico, que reforça um esquema particular de gostos e valores, daí a preocupação com o que estamos fazendo com o nosso planeta, em prol desses gostos e valores individuais.

Logo, a Psicologia Ambiental é de suma importância, já que ela estuda todos os tipos de inter-relações homem - ambiente, seja no ambiente natural, seja no ambiente construído, como forma de entender o homem e a sua diversidade.


Referências:


MOSER, Gabriel. Psicologia ambiental. Paris: Universidade René Descartes, 2003.

Conceito de loucura na atualidade


“Dizem que sou louco por pensar assim. Se eu sou muito louco por eu ser feliz,mas louco é quem me diz: E não é feliz, não é feliz...” (Ney Matogrosso).


É com esse trecho da música Balada do louco, do cantor e compositor Ney Matogrosso, que gostaria, hoje, de falar para você sobre o conceito de loucura e sua percepção na atualidade, enfatizando porque é importante discutirmos esse tema que faz parte de nossas vidas, desde os tempos remotos.

Loucura exprime medo do desconhecido, insegurança, impotência. Por que tememos os “loucos”? Na atualidade, os conceitos de loucura são percebidos como um fenômeno de inflexibilidade e exclusão da vida social, em que surge uma resistência da sociedade para com o “louco”, por ele ser visto como um doente mental, que transmite perigo, medo, intimidação, por não sabermos lidar com o desconhecido, conduzindo-o a uma internação hospitalar, mesmo contra a sua vontade, com a finalidade de isolá-lo e solucionar o problema, a ameaça que traz desconforto para a sociedade.

Mesmo com a Reforma Psiquiátrica e a inserção dos Centros de Aperfeiçoamento Psicossocial – CAPS, esses sujeitos são banidos da sociedade, seja pelo encarceramento em hospitais psiquiátricos, seja com medicamentos vitalícios, ainda ocorrendo nos tempos atuais, depois de tanta luta e perspectivas de socialização desses indivíduos, a internação, que é vista como o cume da isenção social, e não um meio contrário à intransigência, fornecendo ao sujeito um rótulo social que incrementa e legitima a exclusão (pelo poder que é dado à ciência médica), principalmente se esse rótulo for a base significativa para a internação involuntária legalizada, confirmando em definitivo a estigmatização social da loucura e a explicação que autoriza a sociedade a exercer sua ofensiva àquele que considera imoral ou estranho, levando à interdição hospitalar e civil com autorização dos detentores do poder e/ou saber (médicos, políticos, sociedade), tendo como base a ideologia humanista, política, ideológica e profissional de um país.

Foucault, nos seus estudos - Doença mental e psicologia (1954) –, defende a especificidade de abordagem de uma “medicina da mente” em relação a uma “medicina do corpo”, entendendo que estas disciplinas devem aplicar métodos distintos, assim como submeter-se a diferentes critérios de cientificidade. Isto implica trabalhar com diferentes concepções – para além da problemática da saúde X doença e da consequente dicotomia normal X anormal, afirmando que a loucura vem de uma concepção social que normatiza e dita o que é normal e/ou patológico, dentro de uma sociedade onde o significado de loucura inclui tanto um fenômeno social da estigmatização quanto o que pode existir de essencialmente individual na loucura, sendo vista como uma espécie de “Alvará Científico” (Francisco Costa Júnior - Universidade de Brasília (UnB) – Dissertação de Mestrado, 2005) para a intolerância e censura social, cujas consequências são os próprios fatos alienados, como o da loucura, vista como doença, em que a sociedade intolerante, que deveria ser esclarecida sobre o fato de que tais pensamentos e comportamentos dos “loucos” se deverem a uma doença e/ou transtornos mentais e não a outros motivos, devendo, assim, ser mais solidária e humana com tais sujeitos, em vez de bani-los da sociedade dita normal, pois, se tivesse tais esclarecimentos, reduzir-se-ia o estigma e a exclusão social desses indivíduos.

Dessa forma, a percepção da loucura em que se concebe o ser humano como ser coletivo, social ou cultural, é determinada pela coletividade (sociedade), na qual o indivíduo portador de deficiência e/ou transtorno mental é controlado por técnicas químicas ou psicoterápicas como determinantes de suas ações e/ou reações em busca de sua autonomia subjetiva desautorizada pelos seus atos e pelos agentes sociais ao seu redor.


Referências:


RAGO, Maragareth (Org.); MARTINS, Adilton L. Revista Aulas. Dossiê Foucault. Nº 3.

Alguns conceitos de loucura entre a psiquiatria e a saúde mental: diálogos entre os opostos. Disponível em:< www.pepsic.bvs-psi.org.br/scielo>.

Psicologia: ciência do povo ou de loucos?


Na atualidade, no senso comum, o transtorno mental é comumente relacionado ao sujeito que fala sozinho, gesticulando e caminhando pelas ruas, ou àqueles pacientes esquecidos nos hospitais psiquiátricos. O prevalecimento da discriminação contribui para perpetuar o estigma de “louco”, dando ênfase à exclusão social e ao sofrimento dos indivíduos acometidos por psicopatologias, bem como de seus familiares.
Fatores como a falta de informação e/ou informações errôneas no que tange aos profissionais do campo da Psicologia, mesmo com toda a divulgação nesta área, faz surgir o questionamento: A Psicologia é uma ciência do povo ou de loucos? Daí, então, o receio que muitos leigos têm de conversar com um psicólogo, por acreditarem que eles são “médicos de loucos”, que têm capacidade de ler seus pensamentos, de conhecer os seus segredos mais profundos num simples olhar ou num único bate-papo, além de muitos sujeitos se acharem psicólogos, confundindo o trabalho do psicólogo com uma atividade de dar conselhos e ajudar os outros a resolverem os seus problemas.
Logo, surge a importância de se romper o paradigma em relação à Psicologia, considerando-a uma ciência do ser humano em sua totalidade, devendo-se compreender que os psicólogos buscam estudar o comportamento humano e de outros animais de forma objetiva e sistemática, não se limitando somente a isso, sendo, portanto, uma ciência biopsicossocial, havendo a junção do biológico, fisiológico, psicológico, bem como do social.
Dessa forma, deve-se entender que a Psicologia não é uma ciência única e exclusiva para “loucos”, pois não se resume apenas em estudar os transtornos mentais, é mais profunda. Ela entende que, para se compreender o comportamento humano, é necessário ir além do que ocorre no indivíduo isolado, estudando o meio onde ele vive sua família, comunidade e suas complexas interações sociais, levando em consideração a natureza física, psíquica e social desse sujeito.


Referências:

Alencar, Eunice M. L. Soriano de Psicologia: introdução aos princípios básicos do comportamento. 7 ed. Petrópolis: Vozes, 1986. p. 13 - 24, cap. I.

BOCK, Ana Mercês Bahia (org). Psicologia e compromisso social. São Paulo: Cortez, 2003 p. 75 – 90.

____. Ana Mercês Bahia et al (orgs). Psicologia sócio-histórica: uma crítica em psicologia. 2 ed. Revista São Paulo: Cortez, 2002.


Tornar-se Psicólogo

“... Sou meu próprio líder: ando em círculos. Me equilibro entre dias e noites, minha vida toda espera algo de mim, meio sorriso, meia-lua, toda tarde...” (Renato Russo).


É com essa reflexão, extraída da música A montanha mágica, do saudoso Renato Russo, que inicio o nosso Papo Psi de hoje falando sobre Tornar-se Psicólogo, com o propósito de entendermos o nosso trabalho como futuros profissionais do campo “Psi”. Mas, o que é ser psicólogo? É ser advinho? É ser um bom amigo? É ser o detentor do saber e do controle? É saber lidar com imparcialidade versus subjetividade? Enfim, são dúvidas que são dirimidas a cada semestre da graduação, bem como na vivência diária de cada graduando de forma particular.
Nos dias atuais, quando as mutações aceleradas das convivências, sejam individuais, sejam em grupo, observo a Psicologia como uma ciência multidisciplinar que fala do homem e de suas experiências, a partir do seu mundo interno, de sua subjetividade, que é fonte de suas manifestações, ações, sonhos, desejos, emoções, consciência e inconsciente, não possuindo o Psicólogo uma bola de cristal, não sendo um “bruxo” da sociedade moderna, tampouco um profissional que cuida exclusivamente de “loucos”, pois como futuros profissionais do campo “Psi”, utilizamos de técnicas e conhecimentos, os quais são aprendidos na academia, bem como no convívio intra e extra Universidade que nos possibilitam compreender o que o indivíduo nos diz, através de suas expressões e gestos e que a partir da junção desses fatores busca-se formar um quadro de análise com o fito de descobrir as razões dos atos, pensamentos, desejos e emoções desses indivíduos. Ao iniciarmos o Curso de graduação em Psicologia, achamos que somos os “donos da verdade” e que devemos ser psicólogos o tempo todo, porém, impregnados de preconceitos, pré-julgamentos, que com o avançar do curso vão se desmitificando, passamos a nos ver também como seres humanos que erram em busca de acertos entendendo que ser psicólogo não é ser adivinho, pois precisamos de que os nossos pacientes contem a sua história, aflições, angústias, para juntos podermos desvendar as suas razões, compreender suas dificuldades e assim traçar a intervenção psicológica adequada para cada caso, auxiliando o sujeito a se compreender, organizar-se, com o auxílio do saber “Psi”, permitindo-lhe a sua transformação e atuação sobre o meio que o cerca.
Dessa forma, entendo que, para nos tornarmos um Psicólogo, é preciso ter primeiramente um entendimento de nossas emoções individuais, sentimentos, comportamentos, inquietações, vivências, angústias, alegrias, para que assim possamos compreender o outro sem juízo de valor e sim verdadeiramente, porquanto, como futuros profissionais do campo “Psi”, desenvolvemos intervenção no processo psicológico do indivíduo com o propósito de torná-lo saudável, ou seja, que ele seja capaz de enfrentar as dificuldades do dia-a-dia e, para que para isso ocorra de forma fidedigna, também temos que saber lidar com elas.
Por fim, segundo Inácio Martim Baro, o papel do Psicólogo deve ser definido em função das circunstâncias concretas da população a que deva atender, ou seja, ele deve ajudar as pessoas a superarem sua identidade alienada, pessoal e social ao transformar as condições opressivas do seu contexto. Logo, tornar-se Psicólogo é lembrar sempre que não somos detentores exclusivos de saber, que não existe verdade absoluta e que antes de tudo somos humanos e lidamos com o humano, devendo sempre emitir juízos da realidade com imparcialidade.


Referências:


BOCK. Ana Mercês Bahia. Psicologias: Uma introdução ao estudo de psicologia. 13 ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

Conselho Federal de Psicologia. Psicólogo Brasileiro: práticas emergentes e desafios para a formação. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994.