Papo Psi

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Alagoinhas, Bahia, Brazil
"Sou meu próprio líder ando em círculos, me equilibro entre dias e noites, minha vida toda espera algo de mim, meio sorriso, meia-lua toda tarde..." (Renato Russo). E assim que me descrevo busco ser autora da minha vida e brilhar sempre no palco da vida, apesar das intempéries.Almejo sempre meu equilíbrio e paz interior numa compreensão mútua. O que faço:Graduanda de Psicologia da Faculdade Santíssimo Sacramento, hoje no 9º semestre e Sargento da Polícia Militar.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Perfil sociológico da cidade de Alagoinhas- Bahia



Convido você a embarcar numa viagem pela história do município Alagoinhense, local onde nasci, cresci, trabalho e estou concluindo a minha graduação no Curso de Psicologia pela Faculdade Santíssimo Sacramento.
O município de Alagoinhas localiza-se no leste da Bahia, sendo uma mesorregião do Nordeste Baiano que dista da capital, Salvador, em 110 (cento e dez) quilômetros quadrados, cuja população, em 2005, era de 138.366 habitantes.
De clima quente e semiúmido, possui uma vegetação de floresta estacional semidecidual e de parque sem floresta de galeria. Possui solo rico em arenitos médios e grosseiros, conglomerados/brechas e paraconglomerados.
A cidade é servida pela malha rodoviária e ferroviária. A BR 101 (que corta o Brasil de Norte a Sul) fornece ao município importante acesso e meio de saída de produtos para cidades do Nordeste, como Recife e Aracaju, bem como Vitória e Rio de Janeiro, no Sudeste do País. Sendo cortada também pela BR 110, que a une ao Nordeste pelo interior da região. Possui ainda rodovias estaduais que ligam a BR 116 e a linha verde. O Setor ferroviário desempenha na cidade, além do seu papel histórico, um entroncamento que já foi de grande importância para o País e teve o seu declínio com a subvalorização do transporte ferroviário.
A economia do município encontra-se no cenário atual com forte potencial, sendo o maior produtor agrícola baiano de limão, terceiro na produção de laranja, décimo de batata doce, décimo - primeiro em amendoim, bem como se destaca na produção de abacate, areia, argila e pedra. Possui 666 (seiscentos e sessenta e seis) indústrias, sendo o décimo – terceiro na posição geral do Estado da Bahia, e 3.711(três mil, setecentos e onze) estabelecimentos comerciais, fato este que lhe permite ocupar o décimo - quarto lugar dentre os municípios baianos. Destaca-se, também, pelos seus diversos estabelecimentos de ensino de nível fundamental e superior, pelos de saúde – o Hospital Regional Dantas Bião e Maternidade.
Assim, a qualidade de vida faltante ou ameaçada na maioria das cidades, como uma alteração do urbano, do próprio sentido de “cidade”, é uma condição observável em Alagoinhas, mas nunca é demais tentar elevar a qualidade de vida de uma população.


Referências:


BARROS, Salomão A. Vultos e Feitos do Município de Alagoinhas. Salvador: Artes Gráficas e Ind. Ltda, 1979.
www.mundi.com/wiki-alagoinhas-bahia/curiosidades.

Psicologia Ambiental


Diante de tantas intempéries no mundo atual, o planeta clama por socorro, pois mal se iniciou o novo ano e fomos surpreendidos por catástrofes que abalaram o mundo, a exemplo do deslizamento em Angra dos Reis e o terremoto no Haiti, que nos fazem refletir sobre o que estamos fazendo com o nosso planeta. Partindo dessa indagação é que, hoje, quero falar com vocês sobre a Psicologia Ambiental, seu conceito, abordagem, surgimento e importância.

A Psicologia Ambiental é uma disciplina jovem, e seus primeiros livros foram publicados nos Estados Unidos, na década de 70. Seu objeto de estudo é o indivíduo em seu contexto, tendo como tema central as inter-relações e não somente as relações entre pessoa e meio ambiente físico e social, pois cada ser humano percebe, avalia e tem atitudes individuais em relação ao seu ambiente físico e social, ou seja, ela estuda uma reciprocidade entre pessoa e ambiente formando uma inter-relação dinâmica, seja nos ambientes naturais, seja nos ambientes construídos, pois o indivíduo atua sobre o ambiente, construindo-o e este, por sua vez, modifica e influencia as condutas humanas.

Assim, a especificidade da Psicologia Ambiental é analisar como o indivíduo avalia e percebe o ambiente e, ao mesmo tempo, como ele está sendo influenciado por este ambiente, pois, quando o homem constrói casas, fábricas, entre outros, ele não só cria um ambiente físico, mas também um ambiente psicológico de significados, num mundo simbólico, que reforça um esquema particular de gostos e valores, daí a preocupação com o que estamos fazendo com o nosso planeta, em prol desses gostos e valores individuais.

Logo, a Psicologia Ambiental é de suma importância, já que ela estuda todos os tipos de inter-relações homem - ambiente, seja no ambiente natural, seja no ambiente construído, como forma de entender o homem e a sua diversidade.


Referências:


MOSER, Gabriel. Psicologia ambiental. Paris: Universidade René Descartes, 2003.

Conceito de loucura na atualidade


“Dizem que sou louco por pensar assim. Se eu sou muito louco por eu ser feliz,mas louco é quem me diz: E não é feliz, não é feliz...” (Ney Matogrosso).


É com esse trecho da música Balada do louco, do cantor e compositor Ney Matogrosso, que gostaria, hoje, de falar para você sobre o conceito de loucura e sua percepção na atualidade, enfatizando porque é importante discutirmos esse tema que faz parte de nossas vidas, desde os tempos remotos.

Loucura exprime medo do desconhecido, insegurança, impotência. Por que tememos os “loucos”? Na atualidade, os conceitos de loucura são percebidos como um fenômeno de inflexibilidade e exclusão da vida social, em que surge uma resistência da sociedade para com o “louco”, por ele ser visto como um doente mental, que transmite perigo, medo, intimidação, por não sabermos lidar com o desconhecido, conduzindo-o a uma internação hospitalar, mesmo contra a sua vontade, com a finalidade de isolá-lo e solucionar o problema, a ameaça que traz desconforto para a sociedade.

Mesmo com a Reforma Psiquiátrica e a inserção dos Centros de Aperfeiçoamento Psicossocial – CAPS, esses sujeitos são banidos da sociedade, seja pelo encarceramento em hospitais psiquiátricos, seja com medicamentos vitalícios, ainda ocorrendo nos tempos atuais, depois de tanta luta e perspectivas de socialização desses indivíduos, a internação, que é vista como o cume da isenção social, e não um meio contrário à intransigência, fornecendo ao sujeito um rótulo social que incrementa e legitima a exclusão (pelo poder que é dado à ciência médica), principalmente se esse rótulo for a base significativa para a internação involuntária legalizada, confirmando em definitivo a estigmatização social da loucura e a explicação que autoriza a sociedade a exercer sua ofensiva àquele que considera imoral ou estranho, levando à interdição hospitalar e civil com autorização dos detentores do poder e/ou saber (médicos, políticos, sociedade), tendo como base a ideologia humanista, política, ideológica e profissional de um país.

Foucault, nos seus estudos - Doença mental e psicologia (1954) –, defende a especificidade de abordagem de uma “medicina da mente” em relação a uma “medicina do corpo”, entendendo que estas disciplinas devem aplicar métodos distintos, assim como submeter-se a diferentes critérios de cientificidade. Isto implica trabalhar com diferentes concepções – para além da problemática da saúde X doença e da consequente dicotomia normal X anormal, afirmando que a loucura vem de uma concepção social que normatiza e dita o que é normal e/ou patológico, dentro de uma sociedade onde o significado de loucura inclui tanto um fenômeno social da estigmatização quanto o que pode existir de essencialmente individual na loucura, sendo vista como uma espécie de “Alvará Científico” (Francisco Costa Júnior - Universidade de Brasília (UnB) – Dissertação de Mestrado, 2005) para a intolerância e censura social, cujas consequências são os próprios fatos alienados, como o da loucura, vista como doença, em que a sociedade intolerante, que deveria ser esclarecida sobre o fato de que tais pensamentos e comportamentos dos “loucos” se deverem a uma doença e/ou transtornos mentais e não a outros motivos, devendo, assim, ser mais solidária e humana com tais sujeitos, em vez de bani-los da sociedade dita normal, pois, se tivesse tais esclarecimentos, reduzir-se-ia o estigma e a exclusão social desses indivíduos.

Dessa forma, a percepção da loucura em que se concebe o ser humano como ser coletivo, social ou cultural, é determinada pela coletividade (sociedade), na qual o indivíduo portador de deficiência e/ou transtorno mental é controlado por técnicas químicas ou psicoterápicas como determinantes de suas ações e/ou reações em busca de sua autonomia subjetiva desautorizada pelos seus atos e pelos agentes sociais ao seu redor.


Referências:


RAGO, Maragareth (Org.); MARTINS, Adilton L. Revista Aulas. Dossiê Foucault. Nº 3.

Alguns conceitos de loucura entre a psiquiatria e a saúde mental: diálogos entre os opostos. Disponível em:< www.pepsic.bvs-psi.org.br/scielo>.

Psicologia: ciência do povo ou de loucos?


Na atualidade, no senso comum, o transtorno mental é comumente relacionado ao sujeito que fala sozinho, gesticulando e caminhando pelas ruas, ou àqueles pacientes esquecidos nos hospitais psiquiátricos. O prevalecimento da discriminação contribui para perpetuar o estigma de “louco”, dando ênfase à exclusão social e ao sofrimento dos indivíduos acometidos por psicopatologias, bem como de seus familiares.
Fatores como a falta de informação e/ou informações errôneas no que tange aos profissionais do campo da Psicologia, mesmo com toda a divulgação nesta área, faz surgir o questionamento: A Psicologia é uma ciência do povo ou de loucos? Daí, então, o receio que muitos leigos têm de conversar com um psicólogo, por acreditarem que eles são “médicos de loucos”, que têm capacidade de ler seus pensamentos, de conhecer os seus segredos mais profundos num simples olhar ou num único bate-papo, além de muitos sujeitos se acharem psicólogos, confundindo o trabalho do psicólogo com uma atividade de dar conselhos e ajudar os outros a resolverem os seus problemas.
Logo, surge a importância de se romper o paradigma em relação à Psicologia, considerando-a uma ciência do ser humano em sua totalidade, devendo-se compreender que os psicólogos buscam estudar o comportamento humano e de outros animais de forma objetiva e sistemática, não se limitando somente a isso, sendo, portanto, uma ciência biopsicossocial, havendo a junção do biológico, fisiológico, psicológico, bem como do social.
Dessa forma, deve-se entender que a Psicologia não é uma ciência única e exclusiva para “loucos”, pois não se resume apenas em estudar os transtornos mentais, é mais profunda. Ela entende que, para se compreender o comportamento humano, é necessário ir além do que ocorre no indivíduo isolado, estudando o meio onde ele vive sua família, comunidade e suas complexas interações sociais, levando em consideração a natureza física, psíquica e social desse sujeito.


Referências:

Alencar, Eunice M. L. Soriano de Psicologia: introdução aos princípios básicos do comportamento. 7 ed. Petrópolis: Vozes, 1986. p. 13 - 24, cap. I.

BOCK, Ana Mercês Bahia (org). Psicologia e compromisso social. São Paulo: Cortez, 2003 p. 75 – 90.

____. Ana Mercês Bahia et al (orgs). Psicologia sócio-histórica: uma crítica em psicologia. 2 ed. Revista São Paulo: Cortez, 2002.


Tornar-se Psicólogo

“... Sou meu próprio líder: ando em círculos. Me equilibro entre dias e noites, minha vida toda espera algo de mim, meio sorriso, meia-lua, toda tarde...” (Renato Russo).


É com essa reflexão, extraída da música A montanha mágica, do saudoso Renato Russo, que inicio o nosso Papo Psi de hoje falando sobre Tornar-se Psicólogo, com o propósito de entendermos o nosso trabalho como futuros profissionais do campo “Psi”. Mas, o que é ser psicólogo? É ser advinho? É ser um bom amigo? É ser o detentor do saber e do controle? É saber lidar com imparcialidade versus subjetividade? Enfim, são dúvidas que são dirimidas a cada semestre da graduação, bem como na vivência diária de cada graduando de forma particular.
Nos dias atuais, quando as mutações aceleradas das convivências, sejam individuais, sejam em grupo, observo a Psicologia como uma ciência multidisciplinar que fala do homem e de suas experiências, a partir do seu mundo interno, de sua subjetividade, que é fonte de suas manifestações, ações, sonhos, desejos, emoções, consciência e inconsciente, não possuindo o Psicólogo uma bola de cristal, não sendo um “bruxo” da sociedade moderna, tampouco um profissional que cuida exclusivamente de “loucos”, pois como futuros profissionais do campo “Psi”, utilizamos de técnicas e conhecimentos, os quais são aprendidos na academia, bem como no convívio intra e extra Universidade que nos possibilitam compreender o que o indivíduo nos diz, através de suas expressões e gestos e que a partir da junção desses fatores busca-se formar um quadro de análise com o fito de descobrir as razões dos atos, pensamentos, desejos e emoções desses indivíduos. Ao iniciarmos o Curso de graduação em Psicologia, achamos que somos os “donos da verdade” e que devemos ser psicólogos o tempo todo, porém, impregnados de preconceitos, pré-julgamentos, que com o avançar do curso vão se desmitificando, passamos a nos ver também como seres humanos que erram em busca de acertos entendendo que ser psicólogo não é ser adivinho, pois precisamos de que os nossos pacientes contem a sua história, aflições, angústias, para juntos podermos desvendar as suas razões, compreender suas dificuldades e assim traçar a intervenção psicológica adequada para cada caso, auxiliando o sujeito a se compreender, organizar-se, com o auxílio do saber “Psi”, permitindo-lhe a sua transformação e atuação sobre o meio que o cerca.
Dessa forma, entendo que, para nos tornarmos um Psicólogo, é preciso ter primeiramente um entendimento de nossas emoções individuais, sentimentos, comportamentos, inquietações, vivências, angústias, alegrias, para que assim possamos compreender o outro sem juízo de valor e sim verdadeiramente, porquanto, como futuros profissionais do campo “Psi”, desenvolvemos intervenção no processo psicológico do indivíduo com o propósito de torná-lo saudável, ou seja, que ele seja capaz de enfrentar as dificuldades do dia-a-dia e, para que para isso ocorra de forma fidedigna, também temos que saber lidar com elas.
Por fim, segundo Inácio Martim Baro, o papel do Psicólogo deve ser definido em função das circunstâncias concretas da população a que deva atender, ou seja, ele deve ajudar as pessoas a superarem sua identidade alienada, pessoal e social ao transformar as condições opressivas do seu contexto. Logo, tornar-se Psicólogo é lembrar sempre que não somos detentores exclusivos de saber, que não existe verdade absoluta e que antes de tudo somos humanos e lidamos com o humano, devendo sempre emitir juízos da realidade com imparcialidade.


Referências:


BOCK. Ana Mercês Bahia. Psicologias: Uma introdução ao estudo de psicologia. 13 ed. São Paulo: Saraiva, 2002.

Conselho Federal de Psicologia. Psicólogo Brasileiro: práticas emergentes e desafios para a formação. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1994.