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"Sou meu próprio líder ando em círculos, me equilibro entre dias e noites, minha vida toda espera algo de mim, meio sorriso, meia-lua toda tarde..." (Renato Russo). E assim que me descrevo busco ser autora da minha vida e brilhar sempre no palco da vida, apesar das intempéries.Almejo sempre meu equilíbrio e paz interior numa compreensão mútua. O que faço:Graduanda de Psicologia da Faculdade Santíssimo Sacramento, hoje no 9º semestre e Sargento da Polícia Militar.

domingo, 27 de novembro de 2011

POR QUE AS PESSOAS SE VICIAM?

Válvula de escape, preenchimento de vazio, cultura individualista e hedonista, completude, desaparecimento da descontinuidade entre o sujeito e o “grande outro”, pulsão, são alguns dos motivos que levam os indivíduos a buscarem a droga. Vivemos numa cultura individualista e hedonista rotulada “cultura dos prazeres”, em que o sofrimento proporciona uma solidão absoluta e cada indivíduo que sofre fica só com o seu sofrimento e sente vergonha em assumir que sofre e é nesse sentido que as drogas se transformam em uma porta de entrada se convertendo em mecanismo de escape, em algo apaziguador, sendo um objeto poderoso, capaz de proporcionar grandes coisas e por ser algo proibido seduz. Nessa cultura consumista, os imperativos do prazer, são dirigidos para todos da sociedade, mas apenas alguns têm direito a tê-los. A droga aparece como um objeto que substitui esses imperativos que todos os dias aparecem diante do sujeito anunciados como eles deveriam ter.
 Segundo Freud, é impossível enfrentar a realidade a todo o momento sem um mecanismo de escape, pois o indivíduo sempre busca imaginariamente melhorar a realidade a seu favor tornando-a suportável. Porém, as maiorias das pessoas conseguem manter um equilíbrio entre a realidade como ela é e os mecanismos de escape, mas para alguns sujeitos é tão intolerável que eles não conseguem mais viver sem que haja um aditivo.
Cada toxicômano é único e se vicia por razões e caminhos singulares, pois as drogas os auxiliam a problematizar todas as suas relações na vida moderna, enfeitando um pouco a vida, fugindo um pouco da realidade, como se o sujeito desaparecesse deixando uma espécie de corpo que funciona (que acolhe a droga, que produz efeitos físicos, apaziguadores da dor de viver). Há a ilusão de plenitude, como se ela apagasse a questão subjetiva do sujeito, porém esse efeito é momentâneo, pois não existe vida sem sujeito e como conseqüência há um retorno da angústia, bem como a intensificação do vicio, pois quanto maior a angústia mais imperativa a necessidade de voltar a se drogar. Tornando-se um caminho de ilusão mais curto para se atingir a sensação de prazer, de distanciamento de sua própria realidade, em que o sujeito tem um sentido de satisfação de preenchimento do vazio.
Sabemos que pulsão é um conceito limítrofe entre o anímico e o somático, sendo um estímulo interno que proporciona a diferenciação do interno com o externo e que possibilita ao sujeito buscar atividades para atingir a satisfação, sendo assim, um motor para o desenvolvimento psíquico.  Na dinâmica indivíduo-droga, a pulsão se transforma em uma urgência de ação e a representabilidade psíquica se fixa no plano biológico, em que a busca do prazer pelo toxicômano leva a uma própria perversão da própria natureza da vida pulsional, pois ele não consegue reprimir suas angústias e utiliza de artifícios para fugir de situações externas, instalando-se através das drogas um objeto de satisfação, de necessidade que para o drogadicto não é mais um objeto que ele dispõe enquanto sujeito sendo um escravo desse objeto.
Dessa forma, os indivíduos se viciam por ser uma maneira que eles têm de procurar o equilíbrio emocional, através da procura compulsiva do uso abusivo de drogas, sendo esse processo caracterizado como uma pulsão, uma vez que esta é uma representação psíquica oriunda de uma fonte de ordens de estimulação contínua. O toxicômano sente uma pressão de origem inconsciente, difícil de controlar para buscar o que lhe falta e essa compulsão leva o sujeito a se colocar repetidamente em situações dolorosas. A droga vem como uma busca pelo encontro de si mesmo, capaz de minimizar os sentimentos recalcados levando o indivíduo a uma necessidade de ter algo que lhe satisfaça que preencha o seu vazio, a sua sensação de abandono pelo objeto que foi perdido.
Referências
KEHL, Maria Rita. Drogas. Palestra proferida no Café Filosófico da TV Cultura. DVD. 50 min.
GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Introdução à metapsicologia freudiana 3. Jorge Zahar Editor. PP. 79 – 163.

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