Papo Psi

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"Sou meu próprio líder ando em círculos, me equilibro entre dias e noites, minha vida toda espera algo de mim, meio sorriso, meia-lua toda tarde..." (Renato Russo). E assim que me descrevo busco ser autora da minha vida e brilhar sempre no palco da vida, apesar das intempéries.Almejo sempre meu equilíbrio e paz interior numa compreensão mútua. O que faço:Graduanda de Psicologia da Faculdade Santíssimo Sacramento, hoje no 9º semestre e Sargento da Polícia Militar.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Conceito de loucura na atualidade


“Dizem que sou louco por pensar assim. Se eu sou muito louco por eu ser feliz,mas louco é quem me diz: E não é feliz, não é feliz...” (Ney Matogrosso).


É com esse trecho da música Balada do louco, do cantor e compositor Ney Matogrosso, que gostaria, hoje, de falar para você sobre o conceito de loucura e sua percepção na atualidade, enfatizando porque é importante discutirmos esse tema que faz parte de nossas vidas, desde os tempos remotos.

Loucura exprime medo do desconhecido, insegurança, impotência. Por que tememos os “loucos”? Na atualidade, os conceitos de loucura são percebidos como um fenômeno de inflexibilidade e exclusão da vida social, em que surge uma resistência da sociedade para com o “louco”, por ele ser visto como um doente mental, que transmite perigo, medo, intimidação, por não sabermos lidar com o desconhecido, conduzindo-o a uma internação hospitalar, mesmo contra a sua vontade, com a finalidade de isolá-lo e solucionar o problema, a ameaça que traz desconforto para a sociedade.

Mesmo com a Reforma Psiquiátrica e a inserção dos Centros de Aperfeiçoamento Psicossocial – CAPS, esses sujeitos são banidos da sociedade, seja pelo encarceramento em hospitais psiquiátricos, seja com medicamentos vitalícios, ainda ocorrendo nos tempos atuais, depois de tanta luta e perspectivas de socialização desses indivíduos, a internação, que é vista como o cume da isenção social, e não um meio contrário à intransigência, fornecendo ao sujeito um rótulo social que incrementa e legitima a exclusão (pelo poder que é dado à ciência médica), principalmente se esse rótulo for a base significativa para a internação involuntária legalizada, confirmando em definitivo a estigmatização social da loucura e a explicação que autoriza a sociedade a exercer sua ofensiva àquele que considera imoral ou estranho, levando à interdição hospitalar e civil com autorização dos detentores do poder e/ou saber (médicos, políticos, sociedade), tendo como base a ideologia humanista, política, ideológica e profissional de um país.

Foucault, nos seus estudos - Doença mental e psicologia (1954) –, defende a especificidade de abordagem de uma “medicina da mente” em relação a uma “medicina do corpo”, entendendo que estas disciplinas devem aplicar métodos distintos, assim como submeter-se a diferentes critérios de cientificidade. Isto implica trabalhar com diferentes concepções – para além da problemática da saúde X doença e da consequente dicotomia normal X anormal, afirmando que a loucura vem de uma concepção social que normatiza e dita o que é normal e/ou patológico, dentro de uma sociedade onde o significado de loucura inclui tanto um fenômeno social da estigmatização quanto o que pode existir de essencialmente individual na loucura, sendo vista como uma espécie de “Alvará Científico” (Francisco Costa Júnior - Universidade de Brasília (UnB) – Dissertação de Mestrado, 2005) para a intolerância e censura social, cujas consequências são os próprios fatos alienados, como o da loucura, vista como doença, em que a sociedade intolerante, que deveria ser esclarecida sobre o fato de que tais pensamentos e comportamentos dos “loucos” se deverem a uma doença e/ou transtornos mentais e não a outros motivos, devendo, assim, ser mais solidária e humana com tais sujeitos, em vez de bani-los da sociedade dita normal, pois, se tivesse tais esclarecimentos, reduzir-se-ia o estigma e a exclusão social desses indivíduos.

Dessa forma, a percepção da loucura em que se concebe o ser humano como ser coletivo, social ou cultural, é determinada pela coletividade (sociedade), na qual o indivíduo portador de deficiência e/ou transtorno mental é controlado por técnicas químicas ou psicoterápicas como determinantes de suas ações e/ou reações em busca de sua autonomia subjetiva desautorizada pelos seus atos e pelos agentes sociais ao seu redor.


Referências:


RAGO, Maragareth (Org.); MARTINS, Adilton L. Revista Aulas. Dossiê Foucault. Nº 3.

Alguns conceitos de loucura entre a psiquiatria e a saúde mental: diálogos entre os opostos. Disponível em:< www.pepsic.bvs-psi.org.br/scielo>.

3 comentários:

  1. Estava eu, passeando por alguns sites buscando informações sobre o conceito de loucura para minha monografia.Mesmo estando consciente que esse conceito é muito subjetivo, persistir na busca...e por ironia do destino cair numa janela de um blog em que uma pessoa graduanda do curso de psicologia se dispunha a discutir este tema da forma mais aberta e acessível: na internet.
    A iniciativa é super original pois revela uma preocupação que deveria ser de todas as pessoas que trabalham no campo da saúde mental.
    Eu, não sou estudante de psicologia(por isso, a frase:"por ironia do destino"rs),sou formanda do curso de Educação Físca da UNEB em Jacobina-Ba e estagiária do Centro de Atenção Psicossocial II do munícipio. E além de me interessar muito com a temática, estou estudando p o TCC.

    Sem mais, qro registrar aqui meus sinceros parabéns pela iniciativa!

    bjus

    Denise
    13/04/2010

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  2. Faço pesquisa sobre a loucura versando os meus estudos em Foucault. Estava pesquisando e dei um click e apareceu o blog, parabéns é bacana. No pensamento de Foucault na Idade Clássica (Idade da Razão), a loucura foi separada da razão e o conceito de "desrazão" nasceu. Foi então que a loucura foi confinada no hospício.

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  3. Estou estudando essa temática de conceito de loucura, e visitei este blog, este assunto é muito interessante e complexo,pois,mesmo diante das mudanças exercidas até os dias de hoje, o conceito já estabelecido de "loucura" perdura, como sinÔnimo de periculosidade e suas medidas, ainda "fechadas" com soluções pouco efetivas, como o uso de fármacos,internações, isolamentos,não que algumas medidas deixem de existir,mas sim, que exista mudanças em relação a abordagem ao paciente com transtorno mental.Vale acreditar na substituição do modelo"opressor"por assim dizer,por um modelo Integral,assistindo este indivíduo com um todo,buscando inseri-lo novamente a sociedade,juntamente com a família que pode-se considerar protagonista da recuperação deste ciente.
    Sou graduanda de Enfermagem da Faculdade Santo Antônio,
    muito bacana a temática. Um abraço!

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